sexta-feira, 12 de julho de 2013

TRABALHO OU BRINCADEIRA?


TRABALHO OU BRINCADEIRA?

As vezes os pais de crianças com autismo são criticados pela intensidade da rotina proporcionada ao filho(a). Para algumas pessoas pode parecer que a criança não tem "tempo livre". Entretanto, quem tem uma criança com autismo sabe que muitas vezes a palavra brincar significa trabalhar, bem como a palavra trabalhar significa brincar. E isto se justifica pelas dificuldades que crianças com alguma desordem neurológica apresentam nas habilidades de linguagem expressiva e receptiva, no planejamento motor e no processamento sensorial. Estas dificuldades impactam a habilidade destas crianças em iniciarem e engajarem-se em brincadeiras livres, uma vez que elas não aprendem com a mesma facilidade das crianças neurotípicas, ou seja, pela simples observação dos outros- o que é outro elemento chave do brincar.
Por outro lado, quando estas crianças têm a oportunidade de serem ensinadas(trabalho!) com formas efetivas de engajarem-se com brinquedos e pessoas, elas expandem suas habilidades sensório-motoras, sociais e de linguagem. E o mais importante, elas se divertem!! Para que isso ocorra, precisamos assumir uma conexão com a criança que não seja simplesmente orientada pelas respostas que a criança nos dá durante o brincar. As crianças com autismo podem não nos dar o retorno (feedback) de uma brincadeira da mesma forma que uma criança com desenvolvimento típico, e corremos o risco de fazer uma leitura equivocada desta experiência, e que nos leve a diminuir a intensidade ou a quantidade de estímulo (input). Se a criança não nos olha, não sorri, ou parece reagir de um jeito negativo ou amedrontado à determinada experiência é natural que tenhamos uma resposta de recuar, ou até desistir. Com o intuito de protegê-las ou não sobrecarregá-las, acabamos de fato limitando suas oportunidades de aprenderem como conectarem-se. Sendo assim, não podemos julgar seu nível de interesse estritamente pelas respostas dadas pela criança, pois desta forma somos inclinados a dar menos estímulos, e estas crianças precisam de mais, não de menos. E isto torna particularmente difícil separar o que é trabalho e o que é brincadeira. Permitir que um filho(a) passe horas em frente a TV não é bom para nenhuma criança, porém para uma criança com autismo isto pode ser determinante no seu prognóstico. E a verdade é que não basta a genuína disponibilidade para brincar de "qualquer coisa"...é preciso "trabalho" para compreender sua forma de processar as informações, suas preferências, seus medos, além de uma dose grande de tempo, amor e paciência na construção deste poderoso "brincar".


Fonte:  Facebook Autismo e Possibilidades

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