Ambiente Otimizado para a Aprendizagem
Compreender a maneira como o cérebro da sua criança funciona é crucial para poder oferecer a ela uma ambiente otimizado para a aprendizagem. Abaixo apresentamos um breve resumo de alguns dos estudos sobre o cérebro de crianças com autismo.
O autismo é referido como uma desordem de espectro devido à grande variedade de sintomas presentes em pessoas com o diagnóstico. Pesquisadores, utilizando tecnologias que possibilitam o estudo da estrutura cerebral, também afirmam que os cérebros de pessoas com o diagnóstico de autismo variam vastamente de um para o outro. Por consequência, alguns cientistas têm sugerido que devemos estudar não apenas a estrutura do cérebro, mas também o mecanismo em que neurônios (células cerebrais) individuais se conectam e comunicam para que encontremos o problema de conexão neural que afete todas as pessoas com autismo. Pesquisadores têm encontrado evidências de que a maneira com que alguns neurônios são conectados no cérebro de pessoas com autismo pode levar a uma correlação baixa entre sinal e ruído.
Crianças com autismo estão absorvendo uma quantidade enorme de informação a todo momento; isto significa que em algum ponto elas terão que escolher entre reter ou descartar essas informações. Estudos demonstram que, em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas com autismo tendem a retardar este processo de “escolha”. Uma analogia para este processo seria como andar pelos corredores de um supermercado e colocar em seu carrinho uma unidade de cada item a venda para apenas depois, na chegada ao caixa, descartar o que você não quer comprar. Isto causa uma demora no processamento de estímulos. Estudos com tecnologias que permitem ver quais partes do cérebro estão sendo utilizadas durante uma tarefa confirmam que este é o fenômeno acontecendo dentro do cérebro de pessoas com autismo. Há mais atividade nas regiões do cérebro designadas para o processamento de baixa ordem (como o andar pelos corredores do supermercado) do que em regiões cerebrais especializadas para o processamento de alta ordem (passar pelo caixa e levar para casa os itens que constavam na sua lista de compras).
Especialistas dão a este estilo de processamento (que limita-se em parte ao processamento de baixa ordem) o nome de “ fraca coerência central”. A coerência central refere-se à habilidade de processar contextualmente a informação recebida, associando informações para se chegar a um significado do todo, geralmente às custas da memória de detalhes. Assim sendo, na fraca coerência central haveria a tendência entre aqueles com autismo de prender-se ao processamento de detalhes ao invés da visão do todo em uma situação. Por exemplo, após olhar para figuras idênticas e receberem a requisição para se lembrarem do que estava na figura, uma pessoa típica provavelmente descreveria a cena como sendo “um pôr-do-sol na floresta”, enquanto que uma pessoa com autismo poderia descrevê-la como “folhas brilhantes, luz laranja e um galho com uma balança pendurada”. Este estilo de processamento é a razão pela qual algumas pessoas com autismo, em comparação com pessoas típicas, apresentam performances superiores em certas tarefas. Uma destas tarefas é o teste da figura inserida. Como um exemplo desta tarefa, a figura de um carro seria apresentada para as pessoas. Todas conseguiriam identificar facilmente o carro. Porém, quando fosse pedido que apontassem os três triângulos na figura, as pessoas sem autismo seriam muito mais lentas do que aquelas com autismo. Isto se deve ao fato de pessoas típicas focarem rapidamente no todo da figura, não prestando tanta atenção aos detalhes. As pessoas com autismo identificariam rapidamente os triângulos por estarem acostumadas a ver o mundo através dos detalhes.
Pesquisas envolvendo pessoas com autismo, desde estudos sobre como as células cerebrais conectam-se até estudos sobre como as pessoas atuam em testes psicológicos, nos oferecem a imagem de um mundo fragmentado, sobrecarregado e tomado por “barulho” para aqueles com autismo. Esta noção é confirmada por relatos autobiográficos de pessoas com autismo. A compreensão do mundo fragmentado e sobrecarregado de uma criança com autismo nos leva a ver a importância que tem o ambiente ao seu redor na elaboração dos programas educacionais e nos tratamentos que a ela são oferecidos. Também explica a razão das crianças com autismo procurarem ordem e previsibilidade em seus ambientes físicos.
Ambientes físicos com grandes quantidades de estimulação sensorial (ex: painéis com cores fortes, barulho de fundo, etc.) aumentam o “barulho” num sistema sensorial já sobrecarregado, tornando extremamente difícil qualquer nova aprendizagem – como tentar aprender japonês dentro de um barulhento shopping center. Devido à presença de outras crianças e do tamanho do espaço físico necessário para abrigá-las, a sala de aula convencional é altamente limitada em termos de poder atender às necessidades das crianças com autismo. Até a iluminação por meio de lâmpadas fluorescentes, tão comum em salas de aula, tem sido apontada em estudos científicos como sendo um fator que afeta o comportamento de crianças com autismo. Infelizmente, estas considerações relativas ao ambiente da criança são geralmente desprezadas e têm sua importância desvalorizada quando programas educacionais são oferecidos para crianças com autismo, ou ficam além dos limites físicos e materiais das escolas convencionais.
Para informações sobre como adaptar o ambiente físico de forma a facilitar a aprendizagem das pessoas com autismo, visite nossa página sobre a Criação do Ambiente Físico.
Fonte: http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Autismo/O%20ambiente/Um%20ambiente%20de%20aprendizagem.html
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