sábado, 27 de julho de 2013

DIREITO DOS AUTISTAS SERÁ TEMA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA NO CONGRESSO NACIONAL

Jovem autista pinta 80 quadros em 5 meses e inaugura exposição

Jovem autista pinta 80 quadros em 5 meses e inaugura exposiçãoEm cinco meses, brasiliense pintou 80 quadros. Nunca havia estudado arte, só rabiscado os cadernos do irmão. Autista, inaugurou a primeira exposição individual na última terça-feira e retrata o mundo em que vive

Publicação: 25/07/2013 06:02 Atualização: 24/07/2013 22:11

 (Viola Júnior/Esp. CB/D.A Press)


Como uma janela por meio da qual apresenta o mundo em que vive, o brasiliense Pedro Gammaro, de 27 anos, abriu a primeira exposição individual na noite da última terça-feira, no Espaço Cultural Renato Russo. O jovem é autista. Conhecidos por viverem em um mundo paralelo, o transtorno não impediu que o artista aflorasse. Com traços marcantes e cores fortes, são exibidos 57 quadros com a visão peculiar de Brasília, da televisão, da casa dele, localizada na Asa Norte.

Durante cinco meses de aulas de pintura, ele produziu mais de 80 quadros. O número da produção facilitou para que Pedro tivesse um espaço para exibir a obra individualmente. Ao ser questionado sobre o que lhe serviu de inspiração, Pedro é rápido na resposta: “Eu mesmo”. De acordo com ele, o gosto por arte começou cedo. “Eu rabiscava os livros didáticos do meu irmão. Também coleciono carrinhos. Pinto alguns deles também”, acrescentou o artista. Mesmo com as tendências criativas demonstradas desde criança, apenas recentemente ele teve a oportunidade de aprender a técnica e colocar a vocação em prática.

Pedro faz parte do 1° Festival de Cultura Inclusiva do DF, de iniciativa da produtora Lurdinha Danezy. Ela conta que identificou o talento do aluno desde o início do processo. “O jeito de ele se relacionar com a tela, pegar o pincel e o próprio resultado mostram que ele é um artista”, classificou. Quando observou a facilidade com a arte, Lurdinha resolveu investir no jovem. “Ele pinta muito rápido. Só tem essa agilidade quem tem intimidade com a tela”, acredita. Em cinco meses, Pedro pintou 80 quadros.

Onde ver

Mostra individual Entre a arte e o autismo, de Pedro Gammaro
Local: Espaço Cultural Renato 
Russo
Endereço: 508 Sul, na W3
Quando: até 30 de agosto
Horário: das 9h às 18h

Quadro "NOSSA GENTE" escritor CRISTIANO CARMARGO

-Síndrome de Down-Pai cria quadrinho protagonizado por herói com síndrome de Down

Pai cria quadrinho protagonizado por herói com síndrome de Down

"Metaphase" ficou no ranking de histórias gratuitas mais lidas de um aplicativo norte-americano entre maio e junho deste ano. Versão impressa deve sair em janeiro de 2014

Por Elisa Feres e Marcela Bourroul - atualizada em 26/07/2013 18h48
Ollie na versão super-herói dos quadrinhos (Foto: Reprodução/Facebook)
Quando o assunto é super-herói, quais são os personagens que vêm a sua cabeça? Provavelmente nomes como Batman, Super-Homem, Homem-Aranha e Flash, certo? Para mudar esse cenário já conhecido pelo grande público, o norte-americano Chip Reece resolveu criar uma história com um protagonista inesperado: seu filho Ollie, de 3 anos, portador de síndrome de Down. E o que era para ser apenas uma homenagem tomou proporções muito maiores. Metaphase, como foi chamada, entrou para o ranking de quadrinhos gratuitos mais lidos do aplicativo Comixology entre maio e junho deste ano e tem previsão para ser lançada também em versão impressa.
“Originalmente, criar essa história tinha apenas uma intenção pessoal nascida das minhas experiências com meu filho. Eu acharia incrível se fosse além disso, mas entendia que era um universo novo para mim. Só depois de um tempo, quando conversei com o Peter Simeti, dono da Alterna Comics (editora independente de HQs), percebi que elas realmente tinham potencial para uma audiência maior”, disse o autor em entrevista a CRESCER.
O paralelo do menino com a figura do herói não foi difícil de ser construído. Além de ter que aprender a lidar com a síndrome de Down, Ollie teve que passar por três cirurgias delicadas em seus primeiros anos de vida graças a diferentes problemas congênitos no coração. “As chances sempre estiveram contra meu filho, mas ele nunca deixou de vencer. A principal intenção das histórias que escrevo é mostrar que pessoas com Down, como ele, podem nos inspirar, podem ser nossos heróis”, afirmou.
Ollie e seu pai, Chip Reece, autor de "Metaphase" (Foto: Reprodução/Facebook)
Confira a entrevista na íntegra:
CRESCER: Vamos começar falando do Ollie. Qual foi sua reação quando descobriu que ele tinha síndrome de Down?
Chip Reece:
 Eu e minha mulher, Amy, lidamos bem com a notícia de que ele tinha síndrome de Dowm, mas ficamos assustados com os outros problemas de saúde que foram diagnosticados. Acho que o mais difícil foi entender que ele teria uma longa batalha pela frente com pouca garantia de sobrevivência. A única vantagem que tivemos foi ter descoberto essas condições meses antes de ele nascer, o que nos deu tempo para preparar os tratamentos.
C.: Com quais problemas de saúde ele nasceu?
C.R.: 
Ollie tem dois problemas congênitos no coração, por isso teve uma série de complicações e passou por três delicadas cirurgias. A primeira aconteceu quando ele tinha apenas 10 dias de vida. Foi uma operação que durou várias horas, algo muito grande para alguém que pesava menos de 3 kg. Ele passou os três meses seguintes em estado crítico no hospital lutando pela vida.

Ao mesmo tempo, as paredes do seu coração não estavam se fechando corretamente, fazendo com que o sangue fosse bombeado diretamente para os pulmões. Isso fez com que os pulmões ficassem molhados e pesados, tirando sua capacidade de respirar por conta própria e lentamente o “afogando” em seu próprio corpo. Foi nesse momento que a equipe do hospital resolveu fazer uma segunda cirurgia.

Depois, duas outras pequenas operações foram feitas, uma traqueostomia e uma colocação de tubo para alimentação. Ollie foi liberado depois de cinco meses e retornou uma semana depois de seu primeiro aniversário para consertar o outro defeito no coração. Desde então, ele também teve amígdalas e adenoides removidas para melhorar o funcionamento de suas vias aéreas (danificadas pela entubação precoce).
C.: Com quantos anos ele está hoje e como anda seu desenvolvimento?
C.R.:
 Celebramos seu terceiro aniversário em junho! Indivíduos com síndrome de Down geralmente têm baixo tônus muscular, o que torna o desenvolvimento físico um desafio. E Ollie estava ainda mais atrás por causa de seus problemas físicos. Ele tinha a mobilidade extremamente limitada, especialmente no primeiro ano de vida. A fisioterapia o ajudou muito nesse sentido. E meu filho tem uma atitude ótima, sempre cumpre suas tarefas e nunca desiste de nada. Três semanas atrás, ele deu os primeiros passos sozinho!

Em relação à fala, Ollie também teve um progresso limitado. Só recentemente ele conseguiu emitir alguns sons. Esse atraso foi causado por um acidente; ele teve um nervo da corda vocal esquerda decepado durante a primeira cirurgia. É uma complicação comum em cirurgias cardíacas. Sua corda vocal direita está começando a compensar a esquerda. Ele tem andado até meio barulhento nos últimos tempos. Está falando “mamãe” e “papai”! Fora isso, aprendeu uma boa quantidade de sinais da linguagem dos bebês e consegue se comunicar bem com a gente dessa maneira.

A paralisia de sua corda vocal também contribui para sua inabilidade em engolir comida. O corpo humano precisa das cordas vocais para que elas fechem as vias aéreas quando engolimos, senão a comida e a bebida podem ir pela via errada. Por isso, será um longo processo para o Ollie aprender a comer da maneira correta. Até lá, ele usa um tubo que permite que o alimento seja colocado diretamente em seu estômago.
C.: Qual é a história por trás de Metaphase? Quando você teve a ideia?
C.R.: 
A ideia veio durante a primeira hospitalização do meu filho. Imaginei-o como um super-herói, superando todas as adversidades, e me inspirei com aquilo. Com o passar do tempo, este virou um tema constante na vida dele. As chances sempre estiveram contra Ollie, e ele nunca deixou de vencer. Dois anos depois do nascimento, quando as coisas se acalmaram um pouco, finalmente consegui sentar e começar a trabalhar na ideia. No final de 2012, um artista já estava colocando tudo em prática.
C.: Por que o nome Metaphase?
C.R.: 
O nome se refere ao processo de adulteração de cromossomos que a empresa da história usa para dar poderes às pessoas. Os personagens são chamados de “metas”.
C.: O que você pretende publicando os quadrinhos? É uma intenção pessoal ou uma maneira de falar sobre a síndrome de Down com outras pessoas?
C.R.: 
Originalmente era mais pessoal, nasceu das minhas experiências com meu filho. Eu acharia incrível se fosse além disso, mas entendia que era um universo muito novo para mim. Foi só quando tive a oportunidade de conversar com o Peter Simeti, dono da Alterna Comics, que percebi que as histórias tinham potencial para atingir audiências maiores. Mas a intenção não mudou. Continua sendo mostrar ao mundo que pessoas com síndrome de Down podem nos inspirar e ser nossos heróis e àqueles que vivem com a condição que eles são super do jeito que são!
C.: Como você e o artista criaram a linguagem visual? Quais foram as referências?
C.R.:
 O importante para mim era que as pessoas olhassem para os quadrinhos e percebessem de cara que o personagem tem síndrome de Down. Para isso, dei fotos do meu filho para Kelly (Williams), o ilustrador, usar como referência.
C.: Qual é a ideia de crianças com síndrome de Down que você quer passar?
C.R.:
 Que elas são seres humanos incríveis, lindos e inspiradores!
C.: Qual resposta você tem recebido dos leitores? E o Ollie, já disse alguma coisa?
C.R.:
 O feedback tem sido muito positivo até agora. Ollie ainda não disse nada, mas ele adora livros e gibis. Aguardo ansioso pelo dia em que poderei explicar que essa história foi inspirada nele.
C.: Metaphase é um trabalho paralelo ou você está vivendo financeiramente disso?
C.R.:
 Além de escrever o Metaphase, sou editor no site StashMyComics.com, em que escrevo artigos promovendo quadrinhos e atualizando catálogos. Fazer isso é ótimo, pois me possibilita estar em contato com outros profissionais da indústria. Durante o dia, trabalho também em serviços sociais ajudando pessoas desempregadas a arrumar emprego.
C.: Você fica bastante tempo com Ollie em casa?
C.R.:
 Durante a semana, minha mulher fica em casa com ele. Tomamos a decisão de que iríamos trabalhar assim depois da primeira cirurgia dele, quando percebemos que ele teria que fazer terapia e tratamento médico. Amy é praticamente sua enfermeira, fisioterapeuta e professora, além de desempenhar todas as tarefas de mãe. Ela é incrível! E Ollie deve começar a fazer um programa de transição para a pré-escola neste outono.
C.: Quais são as atividades preferidas dele?
C.R.:
 Ele gosta de ler livros e ouvir música. “Livro” foi um dos primeiros sinais que ele fez. E quando toca alguma música ele logo fica com as mãos para o alto, balançando os braços. Fora isso, ele brinca com seus brinquedos e adora quando nos juntamos a ele. Recentemente começou a gostar também de wrestling [um tipo de arte marcial]. Se eu for para o chão, com certeza ele virá me enfrentar!
Fonte:http://revistacrescer.globo.com/Curiosidades/noticia/2013/07/em-homenagem-ao-filho-pai-cria-historia-em-quadrinhos-protagonizada-por-heroi-portador-de-sindrome-de-down.html

domingo, 21 de julho de 2013

Comunicação de crianças autistas

QUASE METADE DE CRIANÇAS AUTISTAS QUE NÃO FALARAM ATÉ OS CINCO ANOS PODERÃO FALAR COM FLUÊNCIA MAIS TARDE

Imagem
O fato de uma criança autista não falar entre os quatro ou cinco anos não significa que ela nunca irá falar, como receiam alguns pais. Estudo publicado na revista Pediatrics verificou que 70% de crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos que não falavam aos quatro anos desenvolviam-se a ponto de utilizar frases simples, enquanto quase metade adquiria com o decorrer dos anos um linguajar fluente e adequado.
O estudo analisou mais de 500 crianças com autismo, e não encontrou relações entre a possibilidade da criança desenvolver a linguagem mais tarde e suas condições demográficas, como a região em que nasceu, e condições psiquiátricas, como o grau do autismo, crises de ansiedade ou agressividade, por exemplo. Isso quer dizer que a princípio qualquer criança pode desenvolver a fala, mesmo que já tenha passado dos cinco anos.
A pesquisa destaca ainda não ter encontrado indícios de que interesses restritos (crianças que comem somente determinados alimentos, por exemplo, ou gostam apenas de uma cor, estilo de roupa ou brinquedo), assim como as condutas repetitivas que muitos autistas apresentam (girar constantemente objetos, por exemplo) e os aspectos sensoriais (como extrema sensibilidade/aversão ao toque) interfiram significativamente no desenvolvimento da linguagem.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Animal Planeta para fazer pareamento de figuras

Para quem está me pedindo o nome do jogo para confeccionar pareamento de figuras , ai está , é de madeira e muito resistente.




Pareamento de figuras

Pareamento de figuras . Comprei esse material e organizei dessa forma, podem ter certeza dá muito certo. Este material é de madeira, tem muita durabilidade para mim enquanto profissional, mas pode ser confeccionado também em papel.

Música como recurso na aprendizagem das crianças autistas.


Dicas de recursos visuais. Geralmente nas escolas trabalha-se muitas músicas com áudio e cantado também Podemos  contribuir para o desenvolvimento da crianças autistas utilizando também  recursos visuais.Confeccionei esse material para uma criança que atendo,  que está contribuindo para seu desenvolvimento .
CAI, CAI, BALÃO.

Trabalho com música como recurso visuais.

O lúdico na aprendizagem dos autistas.

Sabe-se  que a maioria das  crianças autistas são pensadores visuais.
Cabe a nós profissionais,   olhar  atentamente para descobrir as habilidades  e quais são os interesses das crianças  que  atuamos.
Pensando nas necessidades e como acontece a aprendizagem de minhas crianças confeccionei essa música para uma delas, pois sei que adora . Aproveitando desse interesse posso trabalhar  esquema corporal, lateralidade, leitura e escrita, percepção visual , coordenação motora, interação social...
Gosto muito da parte lúdica e essa é uma dica  muito importante para nós profissionais e familiares.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Os desafios da criança autista na educação

Os desafios da criança autista na educação



A criança autista tem que lidar com muitos estímulos visuais, auditivos e sensoriais que passam despercebidos para os alunos neurotípicos, ou “normais”, como explicou a psicóloga Sandra Roos. Para as crianças com transtorno do espectro autista, tais estímulos incomodam, agridem, representam mais um desafio. O próprio processo educacional, de acordo com a especialista, não é pensado nesses termos. “Não existe uma adaptação até que ela seja exigida”, afirmou.
Mãe de uma menina com 12 anos de idade com transtorno do espectro autista, a psicóloga enumerou algumas das dificuldades enfrentadas nas escolas, tais como as necessidades especiais em relação à coordenação motora fina para o aprendizado da escrita; a adequação da iluminação da sala de aula, uma vez que as crianças autistas percebem e se incomodam com a luz trêmula das lâmpadas fluorescentes muitas vezes já velhas e gastas; a necessidade de um ambiente que não disperse sua atenção, devido à dificuldade de concentração em geral experimentada por essas crianças; e a redução do barulho em sala de aula, dada a maior sensibilidade auditiva. “Mas, na prática, isso não acontece”, afirmou.
“Digo isto tudo pensando na minha filha e em seu ‘grau’ de autismo, que é leve e a permite participar do processo de inclusão. Mesmo para ela, as escolas não estão preparadas e os pais, via de regra, é que tem que lutar pelos direitos de seus filhos especiais”, disse Roos ao lembrar que, por lei, todas as crianças matriculadas nas escolas municipais e estaduais têm o direito de serem acompanhadas por auxiliar em sala de aula, sejam essas crianças autistas ou tenham outras deficiências comprovadas por laudo médico. “As escolas não têm hoje nem salas de aula nem profissionais preparados para atendê-las em suas necessidades. Professores e auxiliares estão se virando sozinhos, sem apoio ou preparação prévia”.
Marisa Furia Silva é uma das fundadoras da Associação dos Amigos do Autista de São Paulo – AMA SP, é presidente da Associação Brasileira de Autismo – ABRA e integra o Conselho Nacional de Saúde. Também tem um filho autista e há 30 anos milita em prol das políticas públicas para as pessoas com transtorno do espectro autista. Em relação a esse tempo, Silva observa que pouco se avançou. Segundo ela, o primeiro documento do governo brasileiro a referir-se ao autismo é uma portaria do Ministério da Saúde de 2002. Em 2009, o Estado brasileiro ratificou a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, documento que toma a acessibilidade como conduta para a garantia dos direitos individuais. Dois anos mais tarde, foi lançado o Viver sem Limite: Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência e, no final de 2012, a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo passou a considerar, para todos os efeitos legais, o autista como pessoa com deficiência. Resultado da mobilização social de movimentos e associações de pais de autistas, tal processo conquistou, em 2013, como um de seus resultados, a publicação, pelo Ministério da Saúde, das Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo. No documento, salienta-se que, para que a atenção integral seja efetiva, as ações devem estar articuladas entre a rede do Sistema Único de Saúde, os serviços de proteção e assistência social e os de educação.
“Com a lei, os autistas estão garantidos na política da pessoa com deficiência, o que é muito importante”, afirmou Silva referindo-se à política nacional sancionada no final de 2012, que, entre outros pontos, tornou obrigatória a matrícula de alunos com o transtorno em todas as escolas. Por outro lado, a especialista lembrou que, antes de serem autistas, tais crianças são cidadãs e, portanto, tal documento trata da reafirmação de um direito já garantido.
A inclusão no sistema público de educação, no entanto, é ainda, na avaliação de Silva, um grande problema. “A inclusão da pessoa com autismo é uma inclusão específica”, salientou. Da mesma forma, as creches são fundamentais para o diagnóstico precoce. “A creche tem que estar preparada para um atendimento junto com a Saúde e com a Assistência Social. Sendo feito esse trabalho específico com essas crianças, não há dúvidas de que sua inclusão será menos traumática para elas, para as famílias, para os outros alunos e para os professores”, disse.
Segundo a psicóloga Sandra Roos, os benefícios terapêuticos da inclusão de crianças autistas nas escolas regulares encontram-se na área da sociabilização. “Convivendo com outras crianças e sendo incluídas nas salas normais elas têm que se adaptar às regras, aos combinados, e aprendem a se comportar de uma forma tradicional. Porém, eu só vejo benefícios se elas forem ‘respeitadas’ em suas particularidades e nunca forçadas a se relacionarem ou se comportarem como as outras. É preciso entender que seu funcionamento cerebral é diferente e não forçar, não impor. Elas devem se relacionar com outras crianças ‘quando’ e ‘se’ quiserem, pois não têm a mesma vontade ou necessidade dessa relação”, explicou a especialista. “Esse é um dos pontos em que a minha filha mais é cobrada na escola. Tenho sempre que orientar que o ‘normal’ não é obrigatório e que ela deve ser deixada sozinha se assim quiser, que ela se sente bem assim. Isso causa estranheza e ‘incomoda’ os outros, assim como tudo o que é ‘diferente’”, disse.
Para a psicóloga, a inclusão pode não ser o melhor caminho em casos mais graves, em que a criança não fala, não escreve e não se comunica por meio de figuras ou outros modos possíveis de serem utilizados em sala de aula. “Gostaria que os pais entendessem isso, a criança pode ser discriminada muito mais do que aceita e ela sofre com isso. Há relatos de mães de autistas que, após tentarem a inclusão, ouviram dos próprios filhos o pedido de mudança para uma sala especial, pois eles não se sentiam bem no meio dos outros”, disse.
Tanto a psicóloga como a presidente da ABRA concordam que é urgente preparar as escolas e capacitar professores e equipes técnicas. Ambas afirmaram, também, que a luta pela garantia dos direitos das crianças autistas é travada pelos pais, que muitas vezes são obrigados a recorrer à força da lei para que seus filhos tenham acesso à educação. “Se o aluno for aceito [na escola] e não receber a educação dada aos outros, a inclusão é falsa, é só fachada. Alunos mais comprometidos que são separados e enviados a salas de recursos ou retirados das salas de aula por incomodarem os outros – ou se incomodarem com os outros – não estarão recebendo o que foram buscar na escola. É comum deixarem estes alunos ‘perambulando’ fora das salas de aula porque eles não conseguem permanecer nelas. É preciso conscientização e informação, educar professores e comunidade a respeito das características e particularidades dos alunos autistas”, afirmou Roos.
Para Silva, é fundamental o apoio de políticas públicas no atendimento, que é oneroso para as famílias. “É um custo que o governo tem agora que minimizará custos futuros, pois as pessoas se tornarão adultos menos comprometidos. Nessa área o Brasil também acordou há pouco, ainda temos muito trabalho pela frente”.

Bernardo Vianna / VIA blog
 http://www.viablog.org.br/os-desafios-da-crianca-autista-na-educacao/#sthash.peeO633G.dpuf

Adolescente autista conseguiu superar as limitações

Remédio natural - Um adolescente autista conseguiu superar as limitações e ainda ganhar um bom dinheiro por causa da enorme paixão que tem por abelhas




Remédio natural

Um adolescente autista conseguiu superar as limitações e ainda ganhar um bom dinheiro por causa da enorme paixão que tem por abelhas.


Intimidade com as abelhas o jovem de 15 anos tem de sobra. E não é de hoje. Há quase uma década, Philip Shild é apicultor. Primeiro, ainda pequeno, ajudava o pai. Agora, lida com elas sozinho. E o mais impressionante: sem sair de casa. As colméias ficam no telhado, em cima de uma laje. Em plena cidade de Londres. “A única coisa que me bota medo é a poluição. Muitos carros, muita fumaça, tudo isso pode acabar com as abelhas”, diz Philip. Ele não é o único apicultor urbano de Londres. Pelo menos duas mil casas na capital britânica também abrigam colméias. Os apicultores produzem, dentro da cidade, nada menos que 6 mil toneladas de mel por ano. Com tantos parques floridos, não é difícil imaginar de onde as abelhas retiram sua matéria-prima. Philip chega a faturar o equivalente a R$17 mil por ano, com sua produção – geralmente revendida por minimercados do bairro de Hakney, na região nordeste de Londres. A família Shild notou que desde cedo Philip tinha interesse em insetos, plantas, animais silvestres. Era louco pela natureza. Mas nada se compara ao amor pelas abelhas, diz o pai. E o melhor de tudo é que a recíproca parece ser verdadeira também: as abelhas dificilmente o ferroam. Desde que passou a criá-las e a se relacionar bem com elas, Philip, que é autista, passou a ter menos crises. O autismo é uma alteração cerebral que geralmente afeta a capacidade da pessoa se comunicar e se relacionar com os outros. Também pode provocar retardo mental que prejudica inclusive a fala. Philip não apresenta mais nenhum desses sintomas; as abelhas estão sendo um remédio pra lá de natural.

Fonte: http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1174471-16022,00-REMEDIO+NATURAL.html

Erros mais comuns na educação da criança com deficiência

Saiba os erros mais comuns na educação da criança com deficiência e ajude mais seu filho


Acerto o passoSaiba os erros mais comuns na educação da criança com deficiência e ajude mais seu filho

Fernanda Portela
Errar na educação dos filhos é inevitável, mas os pais da criança com deficiência, de acordo com os especialistas, estão mais sujeitos a isso, a começar pelo fato de que o modelo de educação que carregam de seus pais não traz, em geral, a experiência de cuidar de um filho com necessidades especiais. Nesse aspecto, segundo o pediatra Ruy Pupo Filho (pai de uma criança com Down e autor de Como Educar Seus Filhos, Editora Alegro, 2004), "assim como as crianças ou as pessoas em geral, cada deficiência terá características próprias que os pais vão ter de conhecer aos poucos para aprender a lidar com ela". O que pode dificultar essa tarefa, para a pedagoga Mara Lúcia Sartoretto, é antes de tudo os pais não aceitarem a deficiência. "Só depois disso vão conseguir buscar uma forma própria de educar", ressalta Mara, que é diretora do Centro de Apoio da Associação de Familiares e Amigos do Down. Pela experiência do presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, José Belisário Filho, o pai é o que na maior parte das vezes tem mais dificuldade. "Muitos saem de casa porque se sentem ofendidos com o problema, outros se omitem na educação, sendo esse um sinal de que também não aceitaram." A situação complica na educação da criança, segundo Belisário, porque o pai que está presente tem papel fundamental. "Ele costuma ter mais coragem de deixar o filho se arriscar do que a mãe." Os especialistas indicam a seguir os erros mais comuns na hora de educar a criança com deficiência.

Superproteger - Está na base de quase todos os problemas. É comum tratar o filho como "coitadinho", com cuidados em excesso. Mas é difícil os pais notarem os exageros por conta da tendência a querer minimizar o sofrimento da criança. Precisam permitir que ela corra alguns riscos para que avance no seu desenvolvimento. Uma forma de identificar a superproteção é verificar se o comportamento social do filho acompanha o de colegas da mesma idade. Se, por exemplo, os amigos dormem na casa uns dos outros, menos o seu filho, provavelmente há preocupação em demasia de que algo ruim aconteça.

Subestimar o potencial - Desde cedo a criança começa a entender o mundo a partir das atitudes dos pais. Ela tem percepções intuitivas, uma capacidade grande de leitura dos comportamentos, presente mesmo em uma situação de deficiência mental grave. Por isso, não adianta repetir a seu filho que acredita que ele tem condições de fazer algo se, na hora, você interfere para ajudar. Isso será prejudicial à auto-estima dele. Pais que ficam muito presos à deficiência não conseguem enxergar o filho como alguém cheio de potencialidades e podem limitá-lo mais.

Não dar limites - Criança especial também deve tomar bronca se faz birra ou desobedece. Para manter essa linha de conduta, os pais têm de ficar firmes diante de reprovações alheias, que costumam chegar por olhares e até intervenções como "coitadinho, deixa". Se derem muito valor a elas, ficarão perdidos e a criança pode vir a usar essa fraqueza para conseguir o que quer.

Fazer tudo no lugar do filho - Tornar a criança com deficiência independente na medida do possível é questão de sobrevivência. Não fazer as coisas por ela é o primeiro passo e exige paciência. Mostre como se faz até que ela consiga sozinha. Valorize cada conquista mesmo que pareça pequena. Elogios são um estímulo para que seu filho se desenvolva em outras habilidades.

"Trancar" a criança em casa - Terapias de estimulação não funcionam se não houver contato social. Ele é fundamental no desenvolvimento porque, à medida que a criança se expõe, ela cria outras habilidades. O grande receio dos pais é que o filho se machuque, seja segregado ou ninguém saiba cuidar dele. Mas é justamente a ausência dos pais que estimula os outros a encontrar saídas para ajudar.

Infantilizar - Mesmo que o filho cresça, é comum ser tratado sempre como criança, principalmente nos casos de síndrome de Down e de deficiência mental. O filho com 15 anos não deve, por exemplo, ganhar uma festa infantil e bonecas ou carrinhos para brincar. A criança especial tem potenciais que só aparecem diante de situações novas. Cobrar de um filho que cuide do irmão especial - Nem é preciso fazer isso porque, se os pais não estão por perto, geralmente o irmão cuida muito bem do outro. Se não faz, pode ser uma reação de ciúme ao perceber que os pais gastam muita energia e atenção com o irmão especial, sobrando pouco para ele. Aí, a cobrança dos pais só piora a situação.

Repreender a sexualidade - Em geral, o deficiente possui sexualidade igual à de qualquer pessoa. Mas existem tabus de que sejam assexuados ou tenham a sexualidade exacerbada. Nesse último caso, trata-se de distúrbio de comportamento por falta de educação mesmo, alertam os especialistas. Para evitar, é preciso ensinar o filho que há lugar e hora para se masturbar, por exemplo. A sexualidade também vai ocupar o espaço que for possível na vida da criança se ela não tiver atividades como a escola, as artes e o esporte, que são excelentes formas de canalizar a energia sexual.

Não incluir na escola regular - Grande parte dos pais têm medo de que, nesse ambiente, o filho sofra preconceitos. Se a exposição da criança for feita de forma tranqüila e desde cedo, ela só tem a ganhar com isso. A escola é um espação de cidadania em que se aprende com a convivência, com os outros colegas. Eles servirão de modelo para a criança com deficiência e ela ensinará muito a todos os outros

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI16629-15159,00.html

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO EM AUTISTAS.

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO ?

PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO ?

Mônica Accioly


Os pais das crianças com autismo geralmente são responsabilizados pelos “ataques de birra” de seus filhos. As pessoas não entendem as reações das crianças e culpam os pais por não “darem limites” a seus filhos.Como estamos acostumados a manter o controle nos ambientes que freqüentamos, ninguém imagina como o cérebro de uma criança pode entrar em “sobrecarga” (palavra muito usada pelos próprios autistas para descreverem o que sentem). Elas freqüentemente não conseguem filtrar os estímulos que as cercam (auditivos, visuais e táteis) e sentem como se todos os atingissem ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Para nós, a adaptação e a “filtragem” dos estímulos é automática. Escolhemos aquele estímulo que mais nos interessa numa situação (a voz de uma pessoa, por exemplo) e, automaticamente, os outros ficam em segundo plano. No autismo não é assim. A criança não consegue fazer isso automaticamente. O seu cérebro fica confuso devido a entrada de vários estímulos ao mesmo tempo e ocorre a sobrecarga.Muitos dos problemas de comportamento apresentados por essas crianças, deve-se a um colapso no controle dessa filtragem de estímulos. Portanto, quando seu filho tiver uma “crise de birra”, primeiramente observe:


1 - Avalie a situação em que ocorre o problema de comportamento. Lembre-se dos diversos estímulos (excesso de luzes, sons, vozes, multidão, toque, mudanças na rotina, imprevistos, situações novas ou desagradáveis, etc) que “sobrecarregam” os sistemas sensoriais da criança com autismo.


2 – Quando as crianças têm um sorriso no rosto, podem cooperar e prestar atenção. Mas quando estão cansados, confusos, frustrados, ansiosos, podem entrar em devastadora “sobrecarga de sensações”.


3 – A maioria das crianças “sinaliza” sua ansiedade de alguma forma. Talvez se torna agitada e, neste caso, essa agitação deve ser interpretada como comunicação : “Salve-me antes que eu perca o controle”.


4 – A dificuldade em comunicar algo ou pedir ajuda pode levar a um estado de frustração.


5 – Eles não gostam de perder o controle. Essas reações não são planejadas, são reações, isto é, a criança reage a algo que a incomoda ao extremo. Ao extremo dela perder o controle!

6 – Quem mais sofre nestas situações é a própria criança. Para ela, é difícil “voltar” depois que ultrapassou o próprio limite de “sobrecarga”.


7 – Você pode ajudar a criança a “voltar”.

PARA EVITAR QUE AS CRISES DE BIRRA OCORRAM, LEMBRE-SE :

A – A criança com autismo pode não generalizar uma regra. Talvez ela se comporte em casa mas não na escola, ou ao contrário. Pode aprender a se comportar numa situação, num determinado ambiente, mas para se comportar num outro ambiente, vai ter que aprendernovamente. Cada vez é a primeira vez. É preciso sempre lembrá-la de como deve se comportar.


B – Quando a criança fica sem ter o que fazer, podem ocorrer os movimentos de auto-estimulação ( que também os ajudam a lidar com uma situação nova ). Nestas ocasiões você pode oferecer a ela algo que seja mais interessante. Mas a família deve procurar preencher o tempo da criança de maneira sistemática ( usar figuras sobre a rotina diária pode ajudar).


C – Situações novas ou inesperadas também causam ansiedade. . Prepare sempre o seu filho para o que vai acontecer. Ele vai ficar mais calmo. Se você usar figuras, vai ser mais fácil ele entender, principalmente se ele perceber que depois de uma situação difícil (ida ao médico ou a o dentista, por exemplo), ele vai poder descansar ou fazer algo que gosta.


D – Criticar , provocar, insistir que uma recusa da criança é “bobagem”, é contra-produtivo e piora as coisas. Respeite os limites do seu filho. Lembre-se de que você pode estar forçando limites de tolerância sensoriais ou emocionais. Ele pode, sim, se acostumar a algumas situações que a princípio são difíceis para ele, mas para isso precisará de tempo e paciência.


CASO AS CRISES OCORRAM :


Seu filho não sabe o que fazer para “voltar” ( lembra-se que ele perdeu o controle?) nem o que fazer para se corrigir.
Ele precisa que você não perca o controle!
Ajude-o falando baixo, com voz suave e calma, repetindo uma palavra que ele entenda, cantarolando uma música que ele goste, ou descrevendo seu lugar predileto.Se ele estiver, por exemplo, batendo a cabeça contra a parede, diga “parado” e repita várias vezes com voz tranqüila, ajudando-o , gentilmente, a parar o movimento (apenas se ele é uma criança que aceita bem ser tocado). Se ele estiver gritando, diga “calado” ou “feche a boca”. Se estiver batendo em alguém ou nele mesmo, você pode dizer “mãos prá baixo”.Você ainda pode ajudar falando das coisas que ele gosta de fazer, por exemplo, “balanço” ou “praia” . Músicas também ajudam. Mas não esqueça de falar devagar, baixo e manter sua tranqüilidade. Com o tempo, você vai ver que ele vai fazer isso sozinho.Outra opção é dar a ele um ritmo. Se ele às vezes usa um movimento repetitivo qualquer para se acalmar, você pode tentar tocar levemente em seu ombro, em toques repetitivos e ritmados. O ritmo conhecido é seguro e calmante.
Lembre-se que o seu filho não entende porquê você fica “zangado” e, se for tratado com agressividade, REFLETIRÁ (como num espelho) essa atitude. Ele percebe melhor as emoções do que as palavras ou ações dos outros. Quanto mais você “zangar’ com ele, mais seu comportamento se tornará difícil. Portanto, é importante amá-lo quando falar com ele.
Finalmente : As crianças com autismo são antes de tudo ... crianças! E haverá momentos em que estarão tendo comportamentos característicos da idade ou do seu temperamento. Nestes momentos o “velho” castigo funciona bem, desde que a criança entenda o que está acontecendo. Se não, será inútil. Cabe então aos pais analisarem cada situação (em caso de dúvida, volte ao ítem 1).

Abaixo, trechos extraídos e traduzidos do livro “Somebody Somewhere” de autoria de Donna Williams (autista, formação universitária) que ilustram e explicam os transtornos causados pelo distúrbio sensorial, o que ela mesma chama de “inferno sensorial”:
“Dentro do meu armário escuro, os tecidos balançavam na minha frente. A segurança da minha querida escuridão. Ali, o bombardeamento das luzes e das cores berrantes, os movimentos e o blá-blá-blá , o barulho imprevisível e o toque incontrolável das pessoas, não existiam. Ali era um mundo seguro, onde as coisas estariam sob controle até que eu tivesse me acalmado o suficiente para pensar ou sentir algo. Eu tocava o tecido na minha frente, corria minha mão sobre a superfície sedosa dos sapatos de couro aos meus pés. Eu os pegava e passava no meu rosto. Ali, não havia a última gota que me levaria da sobrecarga ao fechamento.”...................................................
“ A menininha gritava e se balançava , com os braços prá cima tampando os ouvidos para manter os ruídos distantes, e com os olhos cruzados para bloquear o bombardeamento dos ruídos visuais. Eu olhava aquelas pessoas e desejava que soubessem o significado de inferno sensorial.”
....................................................
“Ela prendeu a respiração, começou a ranger os dentes ritmicamente, endureceu como uma rocha, e continuou tentando bater nela própria, mesmo tendo as mãos seguras para baixo.“Ela tem outra coisa prá comer?” perguntei. “Ela trouxe sanduiche”, disse a auxiliar, “mas não sabe comer sozinha”. “Posso ajudar?” perguntei.Ficaram agradecidas. As funcionárias se ocuparam das outras crianças ao redor da mesa. Eu sentei num banco ao lado de Jody. O sanduiche dela estava embrulhado em plástico, na sua frente.Comecei a cantarolar gentilmente. A melodia era curta, rítmica e hipnótica. Eu a repeti muitas e muitas vezes. Jody , junto a mim, fixava o nada. Ela prendia a respiração, se balançava e rangia os dentes. Permaneci cantarolando até que ela parou de ranger os dentes. Eu continuei, repetindo a melodia muitas e muitas vezes. Comecei a tocar levemente em seu ombro, acompanhando o ritmo da música, que não mudava, sempre contínuo e previsível. Jody parou de se agredir.As mãos dela estavam agora livres e Jody podia usá-las. Alcançou o sanduiche, rasgou a embalagem e enfiou a cara nele. Jody talvez não fosse muito elegante para comer, mas ao menos estava independente e pode se alimentar sozinha.”
...........................................................
“Donna, venha dizer oi ao Eric”, disse minha mãe.Instantaneamente, um fogo me consumiu e minha cabeça foi em direção ao estômago de Eric, enquanto meus pés corriam a toda velocidade a seu encontro . Eu era um trem a vapor de treze anos . Ele saiu da frente no último instante para evitar a cabeçada. Minha cabeça bateu na parede e eu vi estrelas antes de apagar.“Ela é maluca” explicou minha mãe pela enésima vez.Eu não podia evitar. Eu havia sentido emoções.”
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“Eu estava exausta de ter minha atenção vagando por todos os objetos luminosos ou coloridos, seguindo todos os padrões e formas, e a vibração do som ressoando nas paredes.Eu costumava amar tudo isso. Era o que me salvava e me afastava do mundo incompreensível, quando eu já havia desistido de encontrar o sentido de tudo. Meus sentidos então, paravam de me torturar e diminuíam de sobrecarregados para um nível divertido, seguro e hipnóticamente hiper. Este era o lado bonito do autismo. Este era o santuário da prisão.”
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“Eu sentei sobre o meu tapete vermelho, meus braços a minha volta, e esperei pelo impacto. Após vinte e seis anos aprendi que não era a morte que se avizinhava, mas emoções.Qual? Qual? gritava um impulso mudo dentro de mim. Se ao menos eu pudesse nomear esses monstros , ligá-los aos lugares e rostos de onde eles tinham vindo, eu me libertaria.O monstro estava de volta....Toda vez era como se fosse para sempre, um tiket só de ida para o inferno. Não havia lembranças de que sempre havia um retorno....Meu corpo tremia como um terremoto, meus dentes se chocavam como o som de uma datilógrafa atacando as teclas de uma máquina de escrever. Cada músculo tão tenso como se fossem espremer toda a vida de dentro de mim. E relaxavam apenas para que eu fosse atacada muitas e muitas vezes por um maremoto. Um grito subiu até minha garganta mas foi estrangulado e explodiu num grito silencioso, interno. Respire, vinha o pensamento a cada intervalo. Eu respirava profundamente, ritmicamente. Eu estava escapando.
..........................................................
Referências :
Ray’s Autism Page : http://web.syr.edu/~rjkopp/autism.html
Paris’ Place : www.accessin.com.au/~paris/autism/faq1.htm
“Somebody Somewhere” – Donna Willians

Fonte: Site do mão amiga

TERAPIA OCUPACIONAL NOS TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO

TERAPIA OCUPACIONAL NOS TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO




COMO A TERAPIA OCUPACIONAL ATUA NOS CASOS DE DISTÚRBIOS INVASIVOS?


A terapia ocupacional conta com vários modelos teóricos de intervenção e uma abordagem bastante usada na área infantil é a terapia de integração sensorial. A terapia de integração sensorial foi desenvolvida pela terapeuta ocupacional norte americana, A. Jean Ayres, que se dedicou ao estudo das bases neurobiológicas dos distúrbios de aprendizagem. Ela desenvolveu uma teoria que procura explicar como o cérebro organiza informações sensoriais de forma a produzir padrões estáveis de comportamento, que vão permitir a interação produtiva com o ambiente e a aprendizagem. Segundo Ayres (1988) " Integração Sensorial é o processo neurológico que organiza as sensações do corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do corpo no ambiente". Tudo que nós fazemos no nosso dia-a-dia, depende de informações sensoriais, é o alarme sonoro do relógio que nos acorda pela manhã, é o molejo do ônibus que dá sonolência, o barulho irritante dos carros, o conforto tátil de um abraço amigo ou uma propaganda colorida que atrai nossa atenção. É um mundo vasto de informações sensoriais, que precisam ser organizadas, caso contrário, bombardeados por estímulos, nossa atenção vai flutuar de um ponto a outro, sem conseguir focar em algo e aprender com asinterações com o ambiente.


Crianças com falhas de processamento sensorial tendem a ser mais desorganizadas, muitas vezes tem dificuldade para prestar atenção e se relacionar com as pessoas, pois não organizam e interpretam informações sensoriais da mesma maneira que os outros. Apesar de todas as informações sensoriais serem importantes, a teoria de integração sensorial dá grande ênfase aos sistemas que processam informações do nosso corpo, nas quais nem sempre prestamos atenção, que são os sistemas tátil, vestibular e proprioceptivo. Estes sistemas, junto com a audição e a visão, mais estudados em outras abordagens, são considerados fundamentais para o desenvolvimento da criança.


O sistema tátil processa informações sobre aquilo que esta em contato com a pele, a temperatura, a textura, o formato e o deslocamento de objetos. Essas informações são vitais para nos proteger de perigo, por exemplo, quando retiramos rapidamente a mão que toca em um objeto quente, e são essenciais para o controle de movimentos finos, nos informando sobre a posição de objetos nas mãos, para que possamos manejá-los com destreza.O sistema vestibular, mais conhecido entre as pessoas como labirinto, localizado no ouvido interno, processa informações constantes sobre a gravidade emovimentação da cabeça em relação ao corpo, contribuindo para o controle do tônus postural, do equilíbrio e para o controle da movimentação reflexa dos olhos, que ajuda na orientação espacial no ambiente e influencia também nosso nível de alerta A estimulação do sistema vestibular, através do balanceio rítmico ou do girar e rodar, é muito usada de maneira intuitiva pelas pessoas. Toda mãe sabe acalmar uma criança embalando-a no colo e muitos de nós procuramos na rede ou na cadeira de balanço o ritmo certo para desencadear um cochilo. É bom lembrar que a estimulação desse sistema pode ter efeitos potentes. Quem nunca sentiu náusea após rodar, andar de carro no banco de trás ou mesmo subir num daqueles estacionamentos com rampa circular? Quem nunca viu uma criança tão excitada após o dia no parque, balançando e movimentando, que ela nem consegue dormir?Propriocepção são as informações que recebemos dos músculos, ligamentos e articulações, nosinformando sobre a posição das partes de nosso corpo no espaço, a força e a direção de movimento. Essas informações nos permitem movimentar sem precisar constantemente olhar o que estamos fazendo, como quando abotoamos uma blusa, ou pegamos uma chave dentro da bolsa. A propriocepção, juntamente com o as informações vestibulares e táteis, nos dão sensaçõesbásicas para o desenvolvimento da consciência corporal, que vão guiar nossas interações físicas com o ambiente. Na maioria das pessoas os mecanismos de integração sensorial se desenvolvem normalmente, como resultados das brincadeiras infantis e interações com o ambiente, pessoas e objetos. Estas vivências vão promover uma série de estímulos, que pouco a pouco vão sendo organizados, para permitir maior controle dos níveis de alerta, com aumento da atenção dirigida e melhor potencial para aprendizagem. Segundo Ayres (1979) as sensações são como um alimento para o cérebro, mas a criança precisa desenvolver habilidade para organizar e interpretar essas informações, caso contrário é como se estivéssemos em um engarrafamento de trânsito, onde todos querem passar, mas as vias não são suficientes, gerando desorientação e frustração.


O QUE É A DISFUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL?


"Meus sentidos são super sensíveis ao barulho e ao toque. O barulho especialmente quando é bem alto, dói meus ouvidos, e eu evito ser tocada para não ter que sentir aquela sensação opressiva" (Grandin, 1992,p.1). Esse trecho do relato de Grandin, uma autista adulta, famosa mundialmente por ricas descrições de suas experiências sensoriais na infância, descreve bem oque significa ter uma disfunção severa de integração sensorial. Disfunção de integração sensorial é conceituada como a inabilidade para modular, discriminar, coordenar ou organizar sensações de maneira adaptativa para responder adequadamente às demandas ambientais (Lane, Miller & Hanft, 2000). Geralmente as disfunções de integração sensorial são classificadas0 em problemas de modulação, como relatado acima por Grandin, e falhas na discriminação de estímulos. Modulação sensorial quer dizer capacidade para regular e organizar a intensidade e natureza daresposta aos estímulos sensoriais, ou seja nem resposta demais, ou hiper-reação, nem resposta de menos, ou hipo-reação. Cada um de nós tem um padrão de modulação, ou nível de alerta para certos estímulos, que varia de acordo com a tarefa e horário do dia. Observa-se, no entanto, que algumas crianças parecem estar sempre com os "nervos a flor da pele" e qualquer coisa as irrita. Outras se mostram mais apáticas, respondendo pouco ao ambiente, já algumas pessoas flutuam de um dia para o outro, ou de momento a momento, mostrando comportamento desorganizado e imprevisível. Padrões desorganizados de modulação sensorial tem grande impacto no comportamento e desempenho funcional e parecem bastante relacionados com alguns dos comportamentos observados em crianças com distúrbios invasivos (Weider, 1996).Os distúrbios de modulação sensorial mais comuns e mais bem descritos na literatura são relacionados aos sistemas tátil e vestibular. A defensividade tátil é um distúrbio de modulação caracterizada por reação aversiva ao contato físico com pessoas e objetos. A criança parece não gostar de ser tocada e muitas vezes rejeita beijos e abraços, o que acaba sendo interpretado como falta de afeto ou rejeição pelos cuidadores. Crianças com defensividade tátil parecem mais agressivas e agitadas, pois na tentativa de evitar contato físico, acabam por empurrar ou dar tapas nos colegas, se envolvendo em brigas e desencadeando confusão. Muitas vezes elas preferem brincar isoladas, evitando materiais como areia, grama e cola. A hipersensibilidade na boca e região perioral, pode resultar em problemas alimentares, pois a criança rejeita a texturade certos alimentos, sendo comum que a mãe prolongue o uso da papinha, para facilitar a alimentação. Apesar de ser uma disfunção de processamento sensorial, a defensividade tátil tem grande impacto na vida afetiva da criança, que desde pequena é caracterizada como birrenta, irritável, agressiva, o que acaba afastando os amigos e influenciando o relacionamento com os pais. Esse tipo de problema aparece várias vezes nas descrições de Grandin (1992), ela relata, por exemplo, que: "Quando as pessoas me abraçavam, eu ficava enrijecida e tentava me afastardelas para evitar a enxurrada de estímulos desagradáveis. Eu parecia um animalzinho feroz resistindo"(p.4) ..... "Eu sempre me comportava mal na igreja quando criança; minha anágua coçava e arranhava. As roupas de domingoeram diferentes na minha pele. O maior problema era a troca das calças que eu usava a semana toda para as saias no domingo... Hoje em dia eu uso roupas que tenham textura semelhante. Meus pais não tinham idéia de porque eu me comportava tão mal"(p.3).


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE DEFENSIVIDADE TÁTIL NA CRIANÇA:


• Reage negativamente ao contato tátil leve, podendo se esquivar ou se mostrar agressiva, empurrando ou unhando os colegas e pessoas que se aproximam para tocá-la. Às vezes só aceita o contato físico com a mãe ou cuidador.

• Evita abraços e beijos, é comum escorregar entre os braços ou esfregar a área onde foi beijada, como que limpando.

• Reage negativamente quando nos aproximamos por trás, se assustando com facilidade.

• Evita tocar ou demonstra aversão quando toca certas texturas, como areia, animais de pelúcia, bichos de borracha, certos tipos de tecido.

• Evita atividades táteis, tais como, massinha, pintura a dedo, cola nos dedos.

• Evita retirar as meias e andar descalça na grama ou no carpete.

• Tem peculiaridades com relação ao vestuário, preferindo roupas mais largas, mais velhas, semelástico ou golas mais justas.

• É chata para comer, não aceita a textura de certos alimentos, preferindo alimentação mais pastosa, cospe fora pedacinhos (ex: casca de tomate), escolhe muito o que come, separando coisas no canto do prato.

• Qualquer coisinha machuca ou dói, reclama de tudo, se alguém encosta, se toca um objeto frio. Tem reações exageradas a pequenos arranhões e ferimentos, às vezes até o vento, como o do ventilador, incomoda.


É comum que a defensividade tátil apareça associada a outros sinais de hiper-sensibilidade sensorial, como respostas aumentadas para odores e sons. Crianças hipersensíveis, como exemplificado no caso de Ricardo, no inicio do capítulo, tendem a ser muito irritáveis desdebebês, sendo difícil entender seu comportamento. Elas horam ao contato físico com os pais, rejeitam alimentos e se irritam com qualquer ruído, especialmente sons como o do secador de cabelo, liqüidificador e aspirador de pó.


Já os problemas de modulação na área vestibular, geralmente se manifestam pelo medo excessivo de movimento ou insegurança gravitacional, em que a criança não suporta tirar os pés do chão, chorando quando colocada em balanços e desenvolvendo verdadeiras fobias de parquinhos. Algumas crianças apresentam sinais de reposta aversiva ou de intolerância ao movimento, com reação de náusea e mal estar quando movimentadas ou balançadas, quando andam de carro, ou mesmo, quando são levantadas do chão. Todos esses problemas podem se apresentar combinados e em diversos graus de gravidade, como bem descrito na Classificação Diagnóstica de 0-3 (NCCIP), no que se refere a transtornos regulatórios no bebê e na criança pequena. Observa-se que quanto maior a severidade das falhas de modulação sensorial, ou quanto mais acentuada a hiper-sensibilidade a estímulos variados, maior a desorganização do comportamento. Tais problemas de modulação são vivamente ilustrados pelas descrições de Grandin:


"Minha audição funciona como se eu usasse um aparelho auditivo cujo volume só funciona no"super alto". É como se fosse um microfone ligado que capta todo o barulho ao redor. Eu tenho duas escolhas: deixar o microfone ligado e ser inundada pelo barulho, ou desligar. Minha mãe conta que algumas vezes eu agia como se fosse surda" (Grandin, 1992, p.2)"Quando eu era pequena, barulhos altos eram um problema, geralmente eu o sentia como sefosse a broca de um dentista pegando um nervo. Eles de fato me causavam dor. Eu tinha medo de balões estourando, porque o som parecia uma explosão nos meus ouvidos" (Grandin, 1995, p.67)


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS HIPERREAÇÃO A OUTROS ESTÍMULOS SENSORIAIS:


Estímulo Vestibular

• Fica inseguro quando os pés não tocam o chão. Muito medo de balanço,.

• Apresenta sinais de náusea ou enjôo com movimento, por exemplo, quando anda de carro ou no elevador, nos balanços do parque).

• Não gosta de brincadeiras em que tenha que ficar de cabeça para baixo, evitando atividades, como dar cambalhota.

• Demostra medo excessivo ou insegurança para subir ou descer escadas.

• Evita escalar e pular, se mostrando inseguro quando anda em superfícies irregulares.

• É muito cauteloso para se movimentar, tem muito medo de altura. Evita brincar com os colegas se isolando, por exemplo, na hora do recreio na escola.
Estímulo Proprioceptivo

• Irritável ao manuseio físico. Crianças pequenas podem ficar muito incomodadas com mudanças de posição do corpo, se irritando, por exemplo, com a troca de roupas.

• Não gosta de ginástica e de aulas de educação física.

• É pouco harmonioso ou tenso ao se movimentar.

• Evita atividades de puxar ou pendurar - se em barras .

• Insiste em aceitar apenas determinadas texturas e consistência de alimento.


Estímulo Visual

• Dificuldade de desviar o olhar de um objeto para outro

• Desconforto ou evita luz brilhante e pode continuar incomodado mesmo quando os outros já seadaptaram a ela .

• Gosta de luzes fracas ou óculos de sol .

• Evita contato visual.

• Demonstra desconforto em lugares que tenham muito estímulo visual ( ex: Shopping Center onde há muitos letreiros coloridos ).

• Cansa facilmente ou fica irritado quando realiza atividades visuais complexas, como por exemplo, fazer quebra cabeça.


Estímulo Auditivos

• Fica muito incomodado ou irritado com sons altos ou inesperados, como o estouro de balões, enceradeira , secador de cabelo e fogos de artifício.

• Distrai-se facilmente ou tem dificuldade para concentrar-se com barulho ao redor (Ex: televisão ligada , ventilador, rádio).

• Tampa os ouvidos com as mãos sem motivo aparente

• Chora em lugares cheios e barulhentos.


Crianças hipersensíveis tendem a ser mais agitadas, pois sua atenção é constantemente solicitada por estímulos irrelevantes. É o barulho da geladeira, a etiqueta da blusa que incomoda, o mosquito voando com aquele barulho irritante, o cheiro da merenda do colega, o brinquedo colorido do vizinho, que ele agarra impulsivamente, mas logo solta, já atraído por outros estímulos, indo de ponto a ponto, como que prisioneiro dos estímulos ambientais. Para algumas crianças os estímulos ambientais são tão perturbadores, que elas acabam se isolando, como relatado por Grandin (1992.p.7):


"Eu provavelmente criei um mundo à parte para me proteger dos estímulos com os quais eu não conseguia lidar".


Apesar do comportamento agitado e desorganizado relacionado à hiper-sensibilidade sensorial, ser bastante comum em crianças que apresentam distúrbios invasivos, muitas dessas crianças,ao contrário, são mais passivas, tendendo a se isolar do mundo, como relatado por Grandin e exemplificado no caso de Lucas, a seguir.


O comportamento pouco ativo de Lucas sempre intrigou os pais, mas ele era um bebê tão bonzinho, que ninguém se preocupava com ele. No berço Lucas ficava por longo tempo observando as mãos, quando bebê ele ainda sorria para os pais, mas a medida que foi crescendo foi se tornando mais arredio. As poucas palavras que falava aos 18 meses desapareceram por volta dos 2 anos e Lucas passou a ter comportamentos repetitivos, como bater portas, andar pela casa no escuro, se assustar com qualquer som inesperado, mas, ao mesmo tempo, gostava de fazer sons repetitivos. Natal e aniversário eram festas complicadas, pois era difícil escolher um brinquedo, uma vez que Lucas não mostrava interesse por nada. Todos perguntavam o que dar a ele e a mãe ficava sem saber o que dizer. Aos 4 anos Lucas não gostava de lugares movimentados, não tinha amigos e não atendia aos comandos da professora na escola. Apesar de ser uma criança quieta, Lucas tinha que ser vigiado, pois caia com freqüência, por não prestar atenção em obstáculos, e muitas vezes era pego no alto da escada ou em lugares perigosos, se deslocando sem nenhum cautela, com risco iminente de queda. Uma observação interessante das professoras, é que quando caia Lucas nunca chorava, sendo comum que ele tivesse várias escoriações pelo corpo, mas não esboçava nenhuma reação de dor ou mal estar.
O comportamento de Lucas sugere uma tendência à hipo-sensibilidade ou hipo-reação a estímulos. Esse é o outro extremo dos problemas de modulação, em que a criança parece responder pouco ao ambiente, muitas vezes se isolando, pois tem dificuldade para registrar e se orientar para os estímulos ambientais. Muitas dessas crianças desenvolvem estereotipias e comportamentos repetitivos, como o bater portas, no caso de Lucas, o balanceio rítmico, a mordedura e balanceio das mãos e outros padrões de comportamento, classicamente associados aos quadros típicos de autismo infantil. Apesar de haver várias tentativas de explicação para esses tipos de comportamento, em algumas crianças, eles parecem suprir a necessidade interna de estímulos sensoriais.


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE HIPO-REAÇÃO A ESTÍMULOS SENSORIAIS:


Estimulo tátil

• Procura tocar muito e com força em objetos animais e pessoas, chegando a incomodar

• Coloca objetos na boca com freqüência

• Parece sentir menos dor e temperatura

• Parece não notar quando alguém o toca

• Não nota quando suas mãos ou rosto estão sujos


Estímulo Vestibular/Proprioceptivo

• Pode balançar ou rodar por longos períodos de tempo. Demora a ficar tonto.

• Procura constante de movimento(correr, pular), que interfere em sua rotina diária.

• Balança o corpo inconscientemente durante uma atividade(Ex: enquanto assiste televisão).

• Se arrisca excessivamente enquanto brinca. Sobe em lugares perigosos e se movimenta sem nenhuma cautela comprometendo sua segurança pessoal

• Pouca consciência da posição e movimentação do corpo no espaço

• Tromba em móveis, paredes e pessoas

• Postura pobre, parece ter músculos fracos

• Dificuldade em ajustar a força que deve usar ao brincar, praticar esportes ou na relação com as pessoas• Está sempre se apoiando nos móveis e em pessoas


Estímulo Visual

• Tem dificuldade para encontrar um objeto no meio de outros, como por exemplo, achar o brinquedo preferido na caixa de brinquedos)

• Parece não perceber quando alguém entra no ambiente

• Gosta de estimulação visual usando lanterna

• Joga vídeo game ou fica em frente a televisão por horas seguidas


Estímulo Auditivo

• Gosta de sons estranhos

• Faz barulhos por puro prazer de fazê-los

• Parece não escutar o que você diz• Não responde ou demora a responder quando é chamado pelo nome

• Parece indiferente num ambiente movimentado

• Tem dificuldade para ajustar a altura da voz


Além dos problemas de modulação, uma outra disfunção de integração sensorial são as falhas de discriminação, que se caracterizam por dificuldade para interpretar as característica temporais e espaciais dos estímulos sensoriais (Lane, Miller & Hanft, 2000). A capacidade discriminativa é muito importante para o desenvolvimento de habilidades, como por exemplo, reconhecer o formato dos objetos pelo tato, saber a posição do nosso corpo no espaço, que são essenciais para atividades corriqueiras, como encontrar uma chave dentro da bolsa sem precisar olhar, graduar a força que colocamos no lápis para escrever, ou ajustar os movimentos quando andamos em uma superfície irregular.


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE POBRE DISCRIMINAÇÃO SENSORIAL:


Estímulo Tátil

• Dificuldade em diferenciar objetos sem o auxilio da visão

• Dificuldade para completar atividades de vida diária sem olhar (Ex: fechos, levar colher à boca)• Necessita sempre estar olhando quando manipula objetos pequenos(Ex: lápis)


Estímulo Proprioceptivo-vestibular

• Dificuldade em manter equilibro, especialmente quando está se movimentando

• Dificuldade em manter postura ereta sentado ou de pé por um período de tempo (Ex: Quando está realizando uma atividade em mesa logo se debruça sobre ela)

• Tende a andar na ponta dos pés

• Não calcula bem a força correta para manipular objetos ou tocar pessoas (Ex; ao escrever ou abraçar alguém)


Estímulo visual

• Dificuldade em perceber a forma e a posição dosobjetos no espaço (Ex: diferenciar d de b)

• Dificuldade para reconhecer e agrupar cores, tamanhos, formas, símbolos)

• Problemas para avaliar profundidade e distâncias


Estímulo Auditivo

• Dificuldade em seguir mais de um comando verbal, apesar de conseguir cumprir cada um separadamente

• Dificuldade em localizar uma fonte sonora (Ex: virar em direção a um apito ou pessoa que chama)

• Não avalia bem a distância e a localização de um som (Ex: um carro que se aproxima)• Na presença de outros barulhos tem dificuldade em focar um som


Um dos problemas importantes relacionados à pobre discriminação de estímulos é a dificuldade para planejar e executar atos motores. Planejamento motor ou praxia é uma habilidade humana que requer esforço consciente e capacidade para conceituar, organizar e dirigir interações significativas com o meio ambiente (Ayres, Mailloux & Wendler, 1987). Isso inclui a capacidadepara ter idéias do que fazer (ideação), para selecionar uma estratégia de ação (planejamento) e a capacidade para executar a ação. Por exemplo, quando uma criança pequena vê um velotrol pela primeira vez, ela é capaz de imaginar como subir ou descer dele sem receber instruções. A dispraxia é a dificuldade para planejar e executar atividades motoras não habituais. Crianças com esse tipo de problema geralmente parecem pouco criativas, brincam de maneira repetitiva, pois tem dificuldade para pensar em nova formas de interagir com os objetos. Elas muitas vezes precisam de modelos, observando outras crianças, para entender o que fazer com determinados objetos ou brinquedos.Existem vários tipos de dispraxia, com causas diversas, mas algumas dificuldades de planejamento parecem relacionadas a disfunções de integração sensorial. Segundo Ayres (1972), pensar sobre uma nova tarefa que requer movimento do corpo, dependente de complexa integração de estímulos sensoriais, especialmente tátil e, às vezes, vestibular, que dão condições para o cérebro desenvolver esquemas e planos motores para movimento. Se a informação sensorial é vaga ou deficiente, o cérebro tem uma base pobre para desenvolver esquemas para movimentação do corpo, o que resulta em menor habilidade de planejamento motor. Quando planejamos novas ações usamos os conhecimentos adquiridos em experiências anteriores e as sensações que o acompanharam essas experiências. Essa parece ser uma área crítica para crianças com distúrbios invasivos, que muitas vezes não sabem o que fazer com brinquedos e engajam em comportamentos repetitivos, como no caso de Lucas, por não ter idéias de como as coisas funcionam. Elas acabam ganhando pouca experiência sobre interações efetivas com o ambiente, o que perpetua suas dificuldades. Como indicado no quadro abaixo, a dispraxia tem componentes motores e cognitivos, que podem ser identificados através da observação da criança.


ALGUNS SINAIS SUGESTIVOS DE DIFICULDADE DE PLANEJAMENTO MOTOR:


Sinais cognitivos

• Dificuldade em decidir o que vai fazer e/ou como vai fazer (Ex: tira vários brinquedos da prateleira, mas não sabe o que fazer com eles apenas espalhandoos)

• Dificuldade em traduzir idéia em linguagem ou em ação

• Dificuldade em descobrir como utilizar um brinquedo ou jogo novo§ Pouca criatividade ou inovação nas brincadeiras. Tende a ser repetitivo

• Dificuldade em dar seqüência a várias etapas de uma atividade necessitando ser ajudado, embora consiga realizar cada etapa separadamente Sinais Motores
• Dificuldade em aprender a executar com precisão atividades motoras novas que requerem movimentos amplos(Ex: pular corda, andar de bicicleta)

• Movimenta-se de maneira desajeitada.

• Dificuldade em aprender a executar atividades novas que requerem movimentos finos das mãos e dedos (Ex: recortar contornos, abotoar, amarrar sapatos)§ Dificuldades oromotoras, tais como, sugar, mastigar, soprar

• Dificuldade na coordenação olho-mão (Ex: fazer jogos de encaixe, colorir dentro de limites, escrever)


MAS COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS SENSÓRIO-MOTORES OBSERVADOS?


Uma das formas de melhorar a situação da criança é reconhecer que o problema existe e interfere de forma importante no desempenho funcional e na interação da criança com o meio. Usando os quadros de sinais apresentados anteriormente podemos identificar alguns comportamentos sugestivos de problemas de modulação e discriminação nos vários sistemas sensoriais. Entender esses problemas nos dá uma nova forma de ver a criança, que de birrenta ou agressiva, passa a ser vista como a mercê das falhas de processamento sensorial, que resultam no comportamento observado. Essa nova forma de entender o comportamento da criança ajuda os pais e professores a criar novas formas de interação, que vão propiciar situações mais positivas, iniciando um novo ciclo de relacionamento interpessoal. Baseados na teoria de integração sensorial, os pais podem criar brincadeiras e estruturar as rotinas diárias da criança, de forma a facilitar a organização do comportamento e um padrão mais previsível de resposta aos estímulos ambientais. Na maioria dos casos a criança pode se beneficiar do tratamento individualizado com Terapeuta Ocupacional especializado na terapia de integração sensorial.


A TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL


Este tipo de terapia envolve atividades que fornecem basicamente estimulação tátil, proprioceptiva e vestibular, dentro de um contexto de brincadeiras que vão se tornando gradualmente mais complexas para promover respostas cada vez mais maduras e organizadas,resultando em novas aprendizagens e comportamentos. O ambiente terapêutico é rico em equipamentos, materiais e brinquedos interessantes, como por exemplo: bolas e rolos de tamanhos, cor e texturas variados, balanços de formas diferentes, rampa para escorregar, cama elástica, almofadões e outros. O terapeuta organiza o ambiente de forma a oferecer desafios deacordo com o nível de desenvolvimento da criança.


Além da intervenção direta, a terapia inclui orientação a pais e professores. A consultoria, na qual se procura dar uma nova visão sobre os problemas da criança, é um tipo de intervenção usada principalmente nos casos de distúrbios de modulação, os quais muitas vezes são um problema maior para as pessoas que lidam com a criança do que para ela própria. Quando a abordagem de integração sensorial é bem sucedida a criança responde mais efetivamente as informações sensoriais e os pais relatam que ela está mais organizada, sendo mais fácil a convivência.Apesar da terapia de integração sensorial ser voltada para brincadeiras e atividades divertidas, envolvendo estimulação sensorial, vários estudos indicam que além de melhor habilidade lúdica, as crianças tratadas também apresentam melhorias significativas nas áreas de auto-cuidado, controle motor, atenção, linguagem, habilidade social, além de redução nos comportamento estereotipados (Schneck, 2001). Uma informação interessante dos estudos sobre eficácia das abordagens sensoriais com crianças que apresentam distúrbios invasivos, é que a terapia de integração sensorial parece ser mais efetiva em crianças que apresentam sinais de hipersensibilidade (Ayres & Tickle, 1980; Linderman & Stewart, 1999). Ou seja, crianças que apresentam sinais de problemas de modulação parecem obter mais ganhos com esse tipo de intervenção.Ressaltamos, mais uma vez, que a terapia por si só tem efeito limitado, pois muitas crianças necessitam de um acompanhamento mais amplo, que inclua o treino funcional, além do esforço combinado da família e equipe interdisciplinar. A família e a escola tem um papel essencial no tratamento, pois estão em contato constante com a criança e podem contribuir de maneiraefetiva, estruturando o ambiente para melhorar o comportamento ou então fazendo algumas brincadeiras e atividades para estimular o desenvolvimento da criança.


ATIVIDADES E BRINCADEIRAS SENSORIAIS


Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades, que podem ser feitas em casa ou na escola.Antes de apresentarmos essas sugestões algumas considerações são necessárias. Em primeiro lugar precisamos saber que Integração Sensorial não é o mesmo que estimulação sensorial e que algumas vezes pode ser necessário reduzir a quantidade ou certos tipos de estímulos. É importante reconhecer que cada criança é única em seus interesses, necessidades e respostas.Devemos observar suas reações a diferentes estímulos, como por exemplo, ao toque, ao movimento, à altura,aos sons e luzes, e estar prontos para alterar as atividades e fazer modificações no ambiente sempre que necessário. As respostas podem variar não só de criançapara criança, como também podem ser diferentes em um mesmo dia ou ainda de um dia para outro. A criança nos dará pistas sobre o que seu sistema nervoso precisa, procurando certas experiências sensoriais ou evitando e se desorganizando diante daquelas com as quais não sabe lidar.Os pais não precisam nem devem se tornar terapeutas de seus filhos, mas podem fazer algumas adaptações no ambiente e na forma como lidam com a criança, procurando sobretudo preservar uma boa relação entre pais e filhos. Manter a criança informada sobre o que vão fazer, antecipando situações de estresse, pode ser uma boa estratégia para ajudá-la a se sentir menos ameaçada e evitar comportamentos inesperados. Rotinas diárias bem estruturadas, sem rigidez excessiva, permitindo que a criança antecipe os eventos, também ajudarão a criança a se organizar. Mudanças na rotina devem ser comunicadas.


Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades que podem ser realizadas em casa ou escola, mas é preciso se ter um cuidado especial com a segurança, preservando sempre a integridade física e respeitando o desejo da criança.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRINCIPALMENTE PARA MODULAÇÃO TÁTIL :


• Evite tocar a criança por trás e de forma inesperada. Crianças mais sensíveis apreciarão um toque mais firme

• Na hora do banho incentive o uso de buchas. Na hora de secar use toalhas macias e se a criança for muito sensível vá apertando a toalha em seu corpo ao invés de esfregá-la

• Pintura do corpo: Usar materiais como talco, creme, amido, álcool (o adulto manipula ), creme de barbear, buchas, pincéis, rolinhos de pintura, luvas de tecidos texturados. Incentivar a criança a passar em seu próprio corpo ou no do outro. Não forçar, respeitar onde ela deseja receber o estímulo.

• Manipulação de texturas - Num recipiente plástico (bacia) colocar água , areia, farinha, creme, pedrinhas, cereais. A criança poderá experimentar estes materiais separados ou misturados. Misturar com as mãos, encher canecas, esconder objetos no meio, enterrar as mãos ou os pés e etc.

• Caixa ou piscinas de texturas - Caixas contendo grãos, flocos de isopor, pedaços grandes de espuma. A criança poderá entrar dentro da caixa para achar algum objeto escondido lá , ou se não suportar pode inicialmente, procurar o objeto com as mãos ou ospés .

• Trilha: Montar uma trilha, com superfícies de texturas variadas como papelão, tapete de retalhos, colchonete e carpete,almofadões, para que a criança se desloque sobre ela, rolando, engatinhando, ou numa brincadeira corporal com outra pessoa (ex: luta, trenzinho, natação no seco).

• Sanduíche: Usar colchonetes, almofadões ou cobertores para enrolar a criança, tipo rocambole, ou então amontoá-los sobre ela. Podemos cantar enquanto damos pequenos apertos sobre o corpo da criança. Podemos também enrolar a criança no colchonete e deixar que ela ande pela sala ou role pelo chão com ele.

• Abraço de Tamanduá - Abraço bem firme, apertado, incentivando a criança a fazer o mesmo. Abraçar e soltar pois a criança poderá ficar aflita se for muito demorado. Repetir várias vezes durante o dia .

• Amassa pão: Criança deitada sobre um tapete ou colchonete, rolar uma bola fazendo pressão sobre seu corpo. Chamar atenção para as partes do corpo. Observamos que atividades que envolvem o toque mais firme, como nas três ultimas sugestões, são geralmente muito apreciadas por crianças hipersensíveis.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ESTIMULAÇÃO PROPRIOCEPTIVA / VESTIBULAR:


• Usar balanços de tamanhos e formas variados, como rede, gangorra, trapézio, balanço infantil de cadeirinha. Colocar o balanço baixo, para a criança impulsionar sozinha. Um balanço bastante divertido e de baixo custo é pendurar uma câmara de ar de caminhão. Observar sempre se há proteção, com colchonetes, no caso de quedas.

• Rampa ou escorregador baixo, para descer em posições variadas (Ex: deitada de barriga para baixo ou para cima, sentada de frente ou de costas) e para escalar. Pode subir engatinhando ou se puxando por uma corda estando deitada de barriga para baixo.

• Carrinho de rolimã para usar sentado ou deitado de barriga para baixo. Fazer trilhas para percorrer. Descer em pequenas rampas.

• Tapete voador: Puxar a criança sentada ou deitada sobre uma colcha ou tapete. Variar direção e velocidade.

• Freqüentar parquinhos, incentivando, sem forçar, o uso do escorregador e de balanços.

• Bolas grandes próprias para ginástica podem ser usadas para várias brincadeiras. A criança sentada sobre a bola pode brincar de "pula-pula", balançar para trás e frente e para as laterais. Deitada de barriga para baixo a criança pode balançar para trás e para frente e, se gostar, pode até virar uma cambalhota.
Os balanços devem estar pendurados numa altura que permita a criança tocar o chão com os pés sempre que desejar. As crianças mais inseguras podem se sentir inicialmente melhor balançando no colo de um adulto. Procure sempre enriquecer as atividades nos balanços com outros objetivos (Ex: cantar, acertar alvos com os pés ou com as mãos, jogar bola num cesto ou com aoutra pessoa), isto é muito importante, principalmente para aquelas crianças que tendem a querer usá-los por muito tempo e de forma pouco criativa. Brincadeiras de puxar e empurrar estimulam os proprioceptores e podem ser combinadas com as atividades vestibulares acima citadas.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ESTIMULAÇÃO VISUAL:


• Chame a atenção da criança para acontecimentos no ambiente como, a fogueira, o nascer e o pôr do sol.
• Ligar e desligar a luz. Adaptar uma chave no interruptor para regular a luminosidade.

• Providencie uma variedade de opções de iluminação como, lâmpadas de mesa, lâmpadas coloridas, piscapisca.

• Brincadeiras com lanternas, fazendo sombras ou movimentos na parede, iluminando objetos.

• Clarear a superfície de gavetas para facilitar que objetos sejam encontrados e da mesa onde a criança for realizar atividades.

• Providencie livros com figuras amplas.

• Usar preferencialmente papel branco e lápis preto para dar o máximo de contraste nos desenhos.

• Lápis fluorescentes podem ser usados sobre papel preto.

• Prancha inclinada sobre a mesa onde será fixado o papel poderá facilitar a escrita melhorando o campo de visão.

• Aquários com peixes coloridos.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA ESTIMULAÇÃO AUDITIVA:


• Ensinar canções

• Ensinar rítmos

• Ouvir estilos musicais diferentes

• Variar o rítmo de uma mesma música

• Grave sons da natureza.


Finalmente, um aspecto importante a se considerarem qualquer programa para crianças que apresentam distúrbios invasivos do desenvolvimento é que na maioria da vezes temos boas idéias para brincadeiras e atividades, o problema, no entanto, é como levar a criança a participar. As sugestões de Greenspan e Weider (1998) sobre como iniciar e manter interações com crianças com distúrbios do desenvolvimento, apresentada no quadro abaixo, nos parecem bastante úteis para pais e cuidadores.


SUGESTÃO DE ESTRATÉGIAS PARA INICIAR E MANTER A INTERAÇÃO COM CRIANÇAS


• Acompanhe a criança e siga sua liderança. Observe seu comportamento e dê sentido ao que ela faz,agindo como se tudo fosse intencional. Por exemplo, se ela cai sobre o sofá, inicie uma guerra de almofadas, se ela deixa algo cair e faz um barulho diferente, repita, como se fosse intencional.

• Se posicione na frente da criança e ajude-a a fazer o que ela quer.

• Dê suporte às iniciativas da criança e expanda o conteúdo inicial, se faça de bobo, faça coisas erradas ou engraçadas e observe a reação. Se interponha no caminho da criança, interferindo de maneira divertida com o que ela está fazendo.

• Descubra o que atrai a atenção e causa prazer na criança. Use brincadeiras sensoriais (ex: balançar, pular, rodar e luta), jogos de causa e efeito, que aparecem e desaparecem, ou brincadeiras infantis, como o esconde -esconde e o "vou te pegar".

• Enfatize palavras e gestos, exagere a expressão facial e entonação, deixando claro seus sentimentos e intenções.

• Faça o que for possível para manter a interação e não interrompa a atividade enquanto conseguir manter a interação.

• De sentido aos sons que a criança emite, completando palavras, ampliando o conteúdo ou dando um contexto para a palavra emitida, coloque palavras ou dê nome aos sentimentos que ela conseguir expressar.

• Insista sempre em uma resposta, que seja um gesto, um som, um olhar.• Não desista da criança, seja persistente, paciente e espere pela resposta.


Foi apresentada uma visão prática dos problemas de processamento sensorial observados em crianças portadoras de distúrbios invasivos do desenvolvimento. São necessárias muitas pesquisas nessa área, mas esperamos que as descrições de sinais e sugestões de atividades ajudem pais e profissionais a compreender melhor alguns comportamentos dessas crianças, usando essa perspectiva para inspirar novas formas de interação e intervenção com essas crianças.
Fonte: http://omundomaravilhosodosautistas.blogspot.com.br/

(Por: Márcia Cristina Franco Lambertucci / Lívia de Castro Magalhães)
(Retirado de: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 3º Milênio - Walter Camargos Jr e Colaboradores, 2005)